Um pátio, varanda, de piso simples, tão presente nas construções mediterrâneas, banhado por sol filtrado por árvores, aquela agradável brisa quase sempre presente, protegido pelo muxarabi que ao mesmo tempo permite pequenos enquadramentos do exterior e preserva aqueles sob sua sombra da movimentada rua. O espaço, o entrecoisas, é uma imersão nesse ambiente, através dos elementos que constituem essa premissa da atmosfera cultural árabe, em que a valorização da conversa e do convívio seja, embora implícita, elemento não só predominante, mas fundamental, que estabelece o partido para o projeto.
Em planta, a organização admite múltiplas configurações de espaço a partir do pátio, sob a claraboia: de varanda, salão e espera, e suas modificações de ampliação e redução destes ambientes. O muxarabi protege o salão da movimentada avenida Horácio Láfer, por outro lado a varanda abre-se completamente apropriando-se da vegetação e expondo o salão para a estreita e pouco movimentada rua Jusseapê, integrando-se à rua, numa postura de valorização da cidade.
Inspiramo-nos nos elementos fundamentais presentes na arquitetura árabe, buscando traduzir estes tradicionais elementos para uma linguagem e aplicação contemporânea brasileira. Desse modo o partido foi centrado no desenvolvimento dos elementos constituintes dessa arquitetura: o pátio, a varanda, o muxarabi e os arabescos.
O muxarabi de geopolímero, guardadas as devidas proporções, teve seu desenho inspirado na extraordinária e moderna composição elaborada pelos arquitetos Howard Ashley, Hisham Al Bakri e Baharuddin Kassim para a Mesquita Nacional da Malásia, em Kuala Lumpur, construída em 1965.
O mural é uma menção à tapeçaria árabe, que além der remeter a essa incrível arte, propõe a desconstrução do muxarabi, elemento de forte presença no projeto. Através de seus elementos, cores e formas, a intenção é contar um pouco da historia do ladrilho, elemento com raízes profundas na cultura árabe. De suas manchas e cores vem o pigmento, e de suas formas vem a alusão aos arabescos da cultura árabe. Pelas suas grandes dimensões, o mural pode ser visto como uma obra de arte pública – parte da cidade, e não apenas do restaurante.
DADOS TÉCNICOS
Nome: Restaurante Manish
Local: Itaim Bibi – São Paulo – SP
Área do Terreno: 300 m²
Data do Projeto: Setembro, 2010
Data da Conclusão da Obra: Maio, 2011
FICHA TÉCNICA
Projeto de Arquitetura: ODVO e mínima
Arquitetos: Omar Dalank, Victor Castro e Carol Kaphan Zullo
Colaboradores: Fellipe Nascimento, Gabriel Ribeiro, Marcell Alencar e Marilú Olív
Projeto de Luminotécnica: Acenda
Mural: Marcus Dan
Design de Superfícies: Estúdio Plana
Projeto de Paisagismo: Mera Arquitetura Paisagística
Fotografia: Pregnolato e Kusuki estúdio Fotográfico
Projeto Funcional e de Infraestrutura: Food Service Company